Question 1

Nova política comercial dos EUA

Accepted Answer

Na quarta-feira, 2 de abril, o ex-presidente Trump anunciou uma das maiores mudanças na política comercial dos Estados Unidos em um século. Essa medida elevará a tarifa efetiva sobre importações ao nível mais alto dos últimos 100 anos.
Embora alguns países (como Singapura e Coreia do Sul) tenham sinalizado que não adotarão retaliações, a China respondeu impondo tarifas de 35% sobre as importações dos EUA, até o momento desta publicação.
Acreditamos que a incerteza em relação às tarifas continuará, e é provável que entremos em um período de retornos acionários mais baixos e crescimento econômico mais lento. O impacto deverá ser abrangente, afetando todos os setores com exposição global.

Question 2

Clima em foco

Accepted Answer

O efeito das tarifas sobre temas de sustentabilidade - especialmente as mudanças climáticas na economia real e os investimentos relacionados - será negativo, caso os níveis tarifários atuais sejam mantidos.
Curiosamente, embora os mercados tenham registrado um dos piores dias desde a pandemia de COVID-19, os índices que acompanham ações expostas a temas ambientais, como a transição energética, energias renováveis e água, apresentaram desempenho positivo no dia seguinte ao anúncio.
Em nossa visão, essa reação reflete, em grande parte, a busca dos investidores por setores defensivos como o de serviços públicos nos EUA, que representam uma fatia importante desses índices. No entanto, na sexta-feira, a queda se aprofundou e afetou todos os setores, com o S&P 500 caindo mais 6%.
Além dos fatores ligados aos investimentos, as tarifas atuais representam barreiras adicionais ao progresso global em direção às metas climáticas. Hoje, as tarifas dos EUA sobre a China estão em 54%, e as da China sobre os EUA em 34%, sem contar barreiras anteriores. Especificamente, a China impôs restrições às importações norte-americanas de terras raras e materiais críticos usados em diversas tecnologias de energia renovável, como solar e nuclear.
China e Estados Unidos são responsáveis por uma parte significativa das emissões globais. Assim, esse maior distanciamento entre as duas economias representa um desafio adicional para empresas norte-americanas que dependem da importação de componentes-chave para tecnologias de descarbonização.

Question 3

Tarifas, países afetados e desempenho das empresas

Accepted Answer

O efeito das tarifas sobre temas de sustentabilidade - especialmente as mudanças climáticas na economia real e os investimentos relacionados - será negativo, caso os níveis tarifários atuais sejam mantidos.
As tarifas impostas pelo ex-presidente Trump se somam às já implementadas pelo presidente Biden, que incluem tarifas de 100% sobre veículos elétricos fabricados na China, 50% sobre células solares, e 25% sobre baterias e diversos minerais críticos essenciais para o avanço das energias solar e eólica. Por isso, no que diz respeito a tecnologias climáticas, as tarifas sobre a China tendem a representar um impacto negativo adicional, ainda que limitado.
O que representa um novo desafio são as tarifas elevadas impostas a Vietnã, Tailândia, Camboja e Malásia - países que, juntos, respondem por mais de 80% das importações de células para painéis solares dos EUA, segundo a Bloomberg. Esse cenário, no entanto, ainda está em evolução, já que o Vietnã estaria reduzindo suas próprias tarifas, o que pode abrir espaço para um possível acordo comercial.
O impacto dessas tarifas pode ser parcialmente compensado pela capacidade doméstica dos EUA para produção de painéis solares, que superou 50MW desde a promulgação do Inflation Reduction Act. De acordo com a SEIA (associação da indústria solar dos EUA), isso seria suficiente para suprir a demanda local. Vale destacar que as ações de empresas americanas como a FirstSolar e a NextEra subiram 4,9% e 2,4%, respectivamente, no dia seguinte aos anúncios. Já empresas globais (e chinesas), como Sungrow, JinkoSolar e Longi, registraram quedas de 7,3%, 5,6% e 1,3%, respectivamente, no mesmo período.
Considerando outras tecnologias de baixo carbono, em 2023 os EUA importaram US$ 1,7 bilhão em componentes para turbinas eólicas provenientes da Europa, México, Vietnã e Índia. Por fim, as tarifas de 25% sobre importações de automóveis podem impactar o crescimento dos veículos elétricos e híbridos produzidos por fabricantes norte-americanos. Até mesmo a Tesla - que fabrica todos os seus carros para a América do Norte na Califórnia e no Texas, liderando o índice American Made da Cars.com - poderá ser afetada, já que a empresa importa muitos de seus materiais e componentes para baterias.
Em última instância, as tarifas devem aumentar os custos das tecnologias limpas num momento em que esses custos já são consideravelmente mais altos nos EUA em comparação com outros países. Por exemplo, a energia solar custa menos de US$ 200 por kW na China, mas quase US$ 450 nos EUA.
Em termos de emissões, a queda nas ações do setor de energia na sexta-feira reflete o receio de uma desaceleração econômica. Embora a menor atividade econômica reduza as emissões de carbono, essa não é uma estratégia sustentável — como aprendemos nos últimos cinco anos após a pandemia do COVID-19.

Question 4

Principais conclusões para investidores

Accepted Answer

Após o anúncio das tarifas nos EUA, os índices ligados a temas ambientais superaram o desempenho do mercado como um todo. Em nossa avaliação, isso se deve ao caráter defensivo de alguns investimentos, e não a uma perspectiva positiva para as tecnologias climáticas.
Um maior distanciamento de economias que fornecem componentes essenciais para tecnologias de transição pode representar um desafio de longo prazo. A incerteza comercial continua elevada, mas as tarifas podem ser reduzidas ao longo do tempo.
Apesar do crescimento mais lento em comparação com outras regiões, a capacidade de geração de energia renovável nos EUA continua a crescer e, no longo prazo, conta com o impulso do aumento da demanda por eletricidade.

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