Investindo no Brasil: Medo do Fed

O banco central dos EUA, o Federal Reserve, é considerado "o banco central do mundo" porque suas ações têm repercussões nas economias em todo o planeta.

Com isso em mente, o Fed às vezes precisa aumentar as taxas de juros e mantê-las em níveis acima da inflação dos EUA para manter a inflação em sua meta. A meta de inflação do Fed é de 2%, e a inflação agora nos EUA está em 3,7%. Já que esse mandato não é flexível, o Fed afirmou que terá que manter a taxa básica de juros "mais alta por mais tempo", para que a inflação e as expectativas de inflação convirjam para sua meta. Além disso, era importante comunicar claramente que os cortes de juros ainda não estão próximos, como a precificação havia mostrado até recentemente.

O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou seu cronograma de emissão de títulos, o que pressionou os rendimentos em toda a curva, já que a quantidade de títulos a serem emitidos foi muito maior do que as expectativas do mercado. O governo dos EUA tem déficits fiscais há mais de 20 anos, e essa situação provavelmente continuará no futuro próximo. Essas maiores emissões de títulos e maiores índices de dívida em relação ao PIB fazem com que o mercado peça prêmios mais altos para a dívida.

A taxa dos “fed funds”, como é chamada a taxa de juros básica nos EUA, é considerada a "taxa livre de risco". Isso significa que qualquer investimento em notas e títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) tem pouco risco de crédito. Como consequência, quase todos os outros emissores ao redor do mundo calculam seu custo de dívida com referência a um spread sobre os Treasuries quando o título é emitido em dólares americanos. Ter um risco de crédito muito baixo não significa que não exista risco de duração, que é o risco ligado ao prazo de vencimento do título. Os títulos de vencimento mais longo, em geral, são precificados com referência aos Treasuries de vencimento mais longo; isso significa que, quando a curva de juros dos EUA se inclina, os rendimentos dos títulos de vencimento mais longo aumentam mais do que os de vencimento curto.

Rendimentos mais altos significam um custo mais alto da dívida para corporações e governos em todo o mundo, o que também implica um custo de capital mais alto. Como consequência, os preços das ações também caem.

Acreditamos que a inflação dos EUA recuará nos próximos meses para níveis próximos da meta de inflação do Fed, já que os rendimentos mais altos do Tesouro terão seu efeito esperado sobre a atividade econômica. À medida que a inflação cai e as expectativas de inflação se mantêm bem-comportadas, as perspectivas melhorarão para o Fed iniciar um ciclo de flexibilização, talvez no segundo semestre de 2024.

Como consequência, confiamos que o nível atual de rendimentos dos títulos é uma oportunidade para investidores com um horizonte de investimento mais longo. É importante ter paciência agora e ficar atento às distorções do mercado que costumam acontecer quando há um grande deslocamento nos preços. .