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Investindo no Brasil

Investindo no Brasil: Tempos desafiadores

Com as mudanças nos EUA e no Brasil, definiríamos nosso cenário base como "taxas mais altas por mais tempo"

06 mai 2024 4 minutos de leitura

Investidores conversando

A economia americana continua forte enquanto o Brasil enfrenta alterações em metas orçamentarias. Mesmo diante de cenários diferentes, esperamos ver taxas mais altas por mais tempo nesses dois mercados. Explore as mudanças nos EUA e no Brasil e os seus impactos ao investir.

Investindo no Brasil

A força da economia americana alterou o ciclo de flexibilização da política monetária pelo BCB

A perspectiva dos EUA mudou

A economia americana tem sido chamada recentemente de "a grande exceção" devido ao crescimento consistentemente impressionante trimestre após trimestre.
O "excepcionalismo americano" descreve uma economia que tem crescido continuamente, mesmo após o rápido aumento das taxas de juros pelo Fed, mas não mostra sinais de fraqueza no mercado de trabalho.
Nossa conclusão é que os EUA verão taxas de juros mais altas por mais tempo, o que manterá os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA negociando em níveis mais altos também; a principal implicação de tudo isso, como foi o caso em outubro passado, é um dólar americano mais forte.

O cenário brasileiro também mudou

O governo apresentou o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2025. No projeto, o governo reduziu as metas de resultado primário em 2025 de 0,5% do PIB anteriormente para 0,0% (com intervalo de tolerância de 0,25%) e também reduziu suas metas para os anos seguintes. Com isso, a redução no esforço fiscal para o superávit projetado para o ano que vem é de R$ 61 bilhões. Essa mudança nas metas orçamentárias pode ser interpretada como a opção do governo por manter uma trajetória de gastos elevados, ao mesmo tempo em que tenta evitar o acionamento de medidas do novo marco fiscal caso as metas não sejam cumpridas.
A força da economia americana, aliada a dados de atividade local melhores do que o esperado (incluindo o forte mercado de trabalho, ainda que um pouco amenizado por perspectivas fiscais mais fracas), alterou o curso potencial do ciclo de flexibilização da política monetária pelo BCB (Banco Central do Brasil). O mercado agora espera que o BCB corte os juros em um ritmo mais lento (25 bps) do que na última reunião (50 bps). Além disso, a taxa terminal Selic, que deveria ficar em torno de 9%, agora está sendo precificada em algo entre 9,5% e 10%. Parece que teremos taxas mais altas para mais tempo no Brasil também.

Implicações na alocação de ativos

Os títulos de taxa pos-fixadas ainda podem parecer atraentes já que a taxa básica de juros de fim de ciclo deve fornecer um retorno próximo de dois dígitos. No entanto, essa classe de ativos não fornece uma proteção para a inflação tão eficiente quanto os títulos vinculados à inflação.
Melhor do que os títulos de taxa pós-fixadas são os títulos atrelados à inflação a preços correntes, pois também pagam inflação mais 6%, mas por períodos muito mais longos – até 2060. Nas taxas atuais, os títulos atrelados à inflação historicamente superam o benchmark (CDI) para horizontes de investimento de quatro anos ou mais.
Os títulos pré-fixados também são atrativos, principalmente os de maior duração, rendendo acima de 11,5% atualmente. No entanto, como a meta fiscal do ano que vem será ainda mais difícil de cumprir do que a deste ano, preferimos evitar títulos pré-fixados com duração mais longa.
Mantemos títulos atrelados à inflação e ações como mais preferidas, títulos de taxa pós-fixadas e ativos globais como menos preferidos e mantemos títulos pré-fixados, fundos imobiliários e fundos multimercados como neutros.

Investidores conversando

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