Investindo no Brasil: O Brasil pode se tornar a próxima Argentina?

O Brasil pode se tornar a próxima Argentina? Esta é a pergunta que mais tem sido feita este ano pelos clientes no Brasil. Infelizmente, eles não estão falando de futebol. Pelo uso da "Argentina", os clientes querem dizer um país cujas políticas econômicas são consideradas inadequadas, no centro da qual está um déficit fiscal descontrolado que leva a uma inflação de três dígitos, baixo crescimento e taxas de pobreza em aumento.

As propostas até agora do novo governo do Brasil nos dão a confiar que uma deterioração tão acentuada das finanças públicas do país é improvável.

Em primeiro lugar, consideramos que após os seis anos de reformas, o Brasil desenvolveu uma melhor robustez institucional. O país recentemente aprovou uma reforma da Previdência, uma reforma trabalhista, um teto de gastos, a independência do banco central e um novo marco do saneamento, entre outros. O PIB cresceu perto de 3% em 2022 devido a um aumento nos investimentos, e como consequência, o nível de dívida em relação ao PIB caiu para 73%.

Em segundo lugar, analisamos a proposta de arcabouço fiscal do novo governo, que inclui uma meta ambiciosa para reduzir o déficit primário a zero em 2024. Para isso, o governo terá que aumentar os impostos, criar novos ou reduzir subsídios e isenções, além de controlar a sonegação fiscal. Embora não pensemos que a meta primária de déficit seja alcançável, a situação está muito longe de ser uma perda de controle das finanças públicas. 

Em terceiro lugar, o Brasil aprovou recentemente a independência do banco central, e vemos isso como uma base muito sólida para manter os níveis de inflação próximos às metas e também para ajudar o governo a manter sua disciplina fiscal.

Em quarto lugar, o Brasil tem um congresso muito conservador, que vai rever todas as propostas do novo governo. Acreditamos que as chances são altas de que o marco fiscal melhore após o debate no Congresso em comparação com a proposta original. Outras reformas, especialmente a tributária, também serão analisadas pelo Congresso.

Em suma, acreditamos que há poucas chances que as finanças públicas do Brasil se deteriorem nos próximos anos. Por isso, mantemos nossa visão de que investir em renda fixa é o melhor risco-retorno disponível para carteiras locais. 

Também confiamos que nos níveis de juros atuais, os títulos de taxa pós-fixadas fornecem um melhor colchão para as carteiras, com um risco bastante menor do que nos títulos pré-fixados.

Com sinais crescentes de recessão, inflação resiliente e taxas de juros reais muito altas no Brasil nos próximos trimestres, continuaremos a evitar aumentar nossa alocação em ações, apesar dos preços relativamente baixos.