UBS House View UBS House View - Ponto de inflexão ou ponto de ruptura?

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Tudo parece indicar que a turbulência do setor bancário dificilmente levará a uma crise generalizada. A confiança, no entanto, é frágil e a volatilidade do mercado deve continuar. Alguns bancos podem reduzir a atividade de empréstimos.

Ponto de inflexão ou ponto de ruptura?

Os bancos centrais devem equilibrar a sua luta contra a inflação

A confiança ainda é frágil e a volatilidade permanece alta

O colapso do Silicon Valley Bank e o subsequente turbilhão no setor bancário desencadearam comparações com a crise financeira global. Enquanto consideramos o que fazer quanto a essa aparente anomalia, três questões-chave são prioridades para os investidores:

As autoridades econômicas evitaram uma crise completa?
Qual é a implicação disso tudo para a economia?
Para onde vão as taxas de juros?

A confiança ainda é frágil, provavelmente a volatilidade permanecerá alta e as autoridades econômicas ainda podem ir mais além para assegurar que a fé no sistema financeiro global permaneça sólida. No entanto, as regras implementadas após a crise financeira global para impulsionar as proporções de capital bancário e liquidez, combinados com a magnitude das respostas das autoridades econômicas nas últimas semanas, significam que aparentemente é improvável que esse episódio evolua para algo semelhante ao colapso de 2008-09.

Espera-se que os bancos limitem os empréstimos

No entanto, as condições financeiras provavelmente sofrerão aperto, aumentando o risco de um pouso forçado econômico mesmo que os bancos centrais afrouxem as altas de taxas de juros.

Nos próximos meses, vários bancos possivelmente restringirão a concessão de empréstimos para acumular proteções de liquidez. Os órgãos regulatórios podem exigir reservas de capital maiores, especialmente para bancos dos EUA menores. A fragilidade do sentimento também poderá significar um custo mais elevado do crédito em termos gerais.

Os bancos centrais podem se preocupar com a interrupção das altas de taxas devido à inflação ainda elevada. Entretanto, eles também podem considerar como equilibrar sua batalha com a inflação contra riscos ao crescimento e à estabilidade financeira.

O Federal Reserve aumentou as taxas em 25 pontos-base (bps) neste mês, mas sua declaração continha uma mudança na linguagem: a referência a “aumentos contínuos” provavelmente sendo apropriada desapareceu, por outro lado, surgiu “algum endurecimento adicional nas políticas pode ser apropriado”. O Banco Central Europeu cumpriu sua promessa de uma alta de 50 bps, mas deu uma guinada para uma postura “dependente de dados” a partir desse ponto.

Um término mais rápido do ciclo de altas de taxas parece provável caso o setor bancário comece a limitar o fornecimento de crédito para a economia real. Uma redução no crédito bancário costuma ser associada com a desinflação, ou até mesmo deflação.

Como os investidores devem se posicionar?

Investidores que já estiverem bem diversificados devem evitar tomar decisões precipitadas, não perder de vista os objetivos financeiros de longo prazo e considerar custos de oportunidade e riscos de reinvestimento junto com riscos de mercado.

A história nos ensinou que, para investidores bem diversificados, a maior ameaça ao patrimônio real tende a não vir de estar investido em períodos de volatilidade de curto prazo, mas de estar mal investido no longo prazo.

Taticamente, enxergamos uma maior probabilidade de encerramento dos ciclos de alta dos bancos centrais antes do esperado.

Recomendamos aumentar a exposição à renda fixa

Acreditamos que seja hora de aumentar a exposição à renda fixa, que elevamos neste mês para “mais preferida”. Enxergamos a renda fixa de alta qualidade como atrativa dados os retornos razoáveis e o potencial de ganhos de capital no caso de uma desaceleração econômica mais profunda. Os investidores que detêm excesso de disponibilidades devem considerar oportunidades para garantir os retornos atuais dentro das classes de ativos.

Embora as ações devam permanecer um componente-chave das carteiras de longo prazo, acreditamos que as ações globais entregarão retornos limitados e apresentarão volatilidade elevada no restante do ano. Rebaixamos as ações neste mês para “menos preferidas”. Dentro das classes de ativos, recomendamos diversificar para além das ações dos EUA e de crescimento dados os preços elevados e o aumento dos riscos à economia do país.

Nós realmente esperamos um desempenho positivo das ações dos mercados emergentes, incluindo ações de semicondutores da China e asiáticas, além de temas europeus, incluindo ações alemãs. Em um nível setorial global, temos preferência por ações de indústrias diversas, de consumo básico e serviços públicos.

É possível um enfraquecimento do dólar americano

No câmbio, acreditamos que os investidores devem começar a se posicionar para um enfraquecimento do dólar dos EUA. Fluxos por ativos seguros apoiaram a divisa norte-americana nas últimas semanas, mas os preços elevados e a aproximação do encerramento das altas de taxas pelo Federal Reserve significam que acreditamos que haverá um enfraquecimento no saldo do ano. Em termos relativos, temos preferência pelo dólar australiano e também o franco suíço, o euro, a libra esterlina, o iene japonês e o ouro.