UBS House View UBS House View - O que está precificado?

Ultimamente, os EUA têm enfrentado temores de inflação alta e taxas em aumento. Estes também ameaçavam uma possível crise financeira e a desaceleração do crescimento econômico.

Mesmo assim, os investidores em ações têm permanecido relativamente calmos diante da turbulência: o S&P 500 se aproxima a sua máxima de 12 meses e o índice VIX em sua mínima de 17 meses. Dado que o S&P 500 agora está sendo negociado a um múltiplo de preço associado a um crescimento de 15% nos lucros, temos uma perspectiva favorável para a economia dos EUA.

É provável que a atual contração nos empréstimos bancários, as altas de taxas efetuadas pelo Federal Reserve e um estado macroeconômico mais estável levem a uma economia em condições ideais. A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, prevê um crescimento moderado no mercado de ações e que a crise bancária poderia até ajudar o Fed a aplicar apenas as restrições suficientes com menos altas de taxas. Porém, duvidamos que tudo funcione tão perfeitamente e mantemos uma perspectiva incerta para o crescimento, os lucros e o panorama de inflação.

O pior cenário na sequência do colapso do Silicon Valley Bank parece ter sido evitado, e não há indicação de uma crise sistêmica. A ação rápida dos EUA e da Europa estabilizou os fluxos de depósitos, reduziu a dependência de liquidez do Fed e aliviou as tensões de financiamento no mercado.

Embora Warren Buffett acredita que alguns outros bancos ainda podem falhar, os mercados gerais têm se mostrado dispostos a passar esses riscos por alto, com o S&P 500 subindo 8% em relação à baixa de março após o colapso do Silicon Valley Bank. Não acreditamos que uma nova onda de medo causada por dúvidas no sector bancário seja provável, mas estamos convencidos de que as condições de crédito irão se apertar ainda mais e o crescimento económico irá se desacelerar.

Os dados econômicos de março deste ano mostraram que a inflação nos EUA está esfriando. O índice de preços ao consumidor (IPC) subiu apenas 0,1% em relação ao mês anterior, e o núcleo da inflação desacelerou para 0,4%, de 0,5% em fevereiro.

Enquanto isso, o mercado de trabalho também parece estar esfriando. O relatório da mão de obra dos EUA do mês de março apresentou um aumento de 236.000 em empregos não agrícolas, o número mais baixo desde dezembro de 2020. O crescimento médio do salário por hora caiu para 4,2% em relação ao ano anterior, e a proporção de vagas/desemprego caiu para 1,7%. 

Mesmo que pareça que a inflação possa eventualmente permitir que o Fed corte as taxas de juros este ano, outros dados sugerem que a trajetória não será fácil. De acordo com dados do Federal Reserve Bank de Atlanta, o crescimento salarial nos EUA registrou um aumento ano a ano de 6,4% em março. A taxa anual de trabalhadores que mudam de emprego, que mede a estabilidade do mercado de trabalho, subiu para 7,3% em março, de 6,7% no mês anterior.

Embora o otimismo sobre a inflação possa vir a ser correto no longo prazo, acreditamos que é improvável que a desinflação tenha a trajetória linear que os mercados de ações parecem estar esperando.

Optamos por comprar títulos de alta qualidade, diversificar as carteiras e as ações de crescimento fora dos EUA e nos inclinar para os mercados emergentes, além de nos posicionarmos para o enfraquecimento do dólar.

Favorecemos os títulos entre nossas classes de ativos globais mais recomendados e consideramos os retornos ajustados ao risco mais atraentes. Diante de nossa visão de que a trajetória de desinflação pode ter altos e baixos, é possível que o rendimento aconteça de forma periódica.

Acreditamos que as condições macroeconômicas devem apoiar as ações dos mercados emergentes. Levando em conta os últimos cinco níveis máximos da taxa de Fed Funds, o índice MSCI Emerging Markets perdeu aproximadamente 5% em média nos seis meses anteriores ao pico, mas os retornos ficaram em média de 8% nos seis meses seguintes e 21% nos 12 meses seguintes.

Classificamos o dólar americano entre os ativos menos recomendados. Portanto, recomendamos que os investidores diversifiquem suas participações em renda fixa em USD, reduzam as alocações às ações dos EUA ou se posicionem em opções ou estratégias estruturadas que possam gerar retornos positivos caso o dólar enfraqueça.

Continuamos a argumentar que a exposição a investimentos alternativos (incluindo fundos de hedge e mercados privados) e ativos reais (incluindo commodities selecionadas, infraestrutura e imóveis selecionados) são fontes atraentes para os investidores diversificarem os retornos, em um momento em que os retornos do mercado de ações provavelmente serão limitados.