Investindo no Brasil Investindo no Brasil – “Decifra-me ou te devoro”

Reza a lenda que a Esfinge do Egito dizia "decifra-me ou te devoro” a qualquer visitante, deixando-os com a escolha de resolver o quebra-cabeça ou pagar com a sua vida. A nosso ver, a situação não é muito diferente no Brasil agora: a relação entre o governo do presidente Lula e o Congresso está sendo testada. 

O sucesso do novo governo na implementação de sua agenda dependerá muito da compreensão da mentalidade do legislativo. O governo não tem uma maioria sólida, mas acreditamos que os parlamentares estão abertos ao debate, podendo melhorar e aprovar novas propostas caso a caso. As novas regras fiscais são mais rígidas e responsáveis do que o arcabouço original proposto pelo Ministério da Fazenda, e incluem limitações de contratações e benefícios.

Se o governo for capaz de decifrar os enigmas do Congresso, vemos potencial para um melhor ambiente político nos próximos meses, o que se traduziria em um resultado positivo para os mercados.

Também existem planos de mudanças na meta de inflação pelo governo. O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidirá em sua reunião de junho qual será a meta de inflação de 2024, que agora está fixada em 3%. 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já disse que é favorável à manutenção da meta atual; se ela for mantida, acreditamos que isso terá um forte impacto positivo de reduzir as expectativas de inflação de 2024. Confiamos que isso provavelmente desencadeará um ciclo de afrouxamento pelo Banco Central. No entanto, se o CMN mudar a meta, como esperado pelo mercado, achamos que terá um impacto negativo.

Acreditamos que um dos maiores beneficiários desse movimento serão os títulos indexados à inflação, já que esses títulos têm duração mais longa e podem ganhar tanto com o melhor ambiente fiscal quanto com a queda das taxas de juros reais.

Os títulos pré-fixados também são uma boa escolha quando as taxas caem. No entanto, o mercado já se antecipou a grande parte desse movimento, e o retorno potencial não é tão alto quanto para os indexados à inflação.

Estamos movendo os fundos imobiliários de neutros para mais preferidos. Essa classe de ativos é negociada com um desconto profundo em relação ao valor justo e fornece um forte rendimento aos investidores. Além disso, os diferentes subsetores do negócio imobiliário estão se recuperando em linha com o crescimento da atividade econômica.